terça-feira, 12 de maio de 2009

Não existo. Sou apenas mais uma invenção da mídia. Não passo de um fruto da indústria cultural, de uma mente alienada na “era da informação”. Não sou nada além daquilo que convém ao sistema das relações públicas generalizadas. Não vejo nada além do espetáculo diário promovido pelos meios de comunicação. Não penso, não discuto, não brigo, não corro, não ouço. Não sonho. Não mudo. Mas assisto, me impressiono, compro, vou ao trabalho, volto para casa, compro, vejo as imagens, consumo, gasto, compro, economizo, desejo, acumulo, compro. E nessa vivência monótona e previsível boto o cabresto que me faz seguir a tal lógica do espetáculo promovido pelos meios de comunicação, sem fugir da linha que interessa às grandes influências políticas. Sobrevivo, sem qualquer resquício de senso crítico ou vestígio de opinião formada e definida. Minha única obsessão é composta por essas imagens, essas pessoas que vivem uma realidade tão distante da minha, uma realidade em que tudo é bonito, luxuoso, tudo pode dar certo e todo mundo acaba feliz. Pessoas que têm uma vida muito mais interessante que a minha. Uma realidade em que todos sempre vêem motivos pra estarem contentes e cujos maiores problemas são aquele amor distante, os pais que não aceitam um relacionamento ou uma diferença social tão ardentemente enfrentada. Imagens que me afastam da minha própria realidade e me criam um novo mundo tão próximo... e inatingível. Assim vou levando cada dia, aguardando que as coisas aconteçam da forma que espero, da forma que criei em minha mente... Ou que foi incutida em minha cabeça. Sinceramente, não me importa. Porque essa minha realidade imaginária é mais bonita, é mais fácil. Deixei-me transformar em marionete absolutamente manipulável por aqueles por aqueles que detêm o poder de iludir. Porque eu me iludo. E enlouqueço na busca frenética de uma felicidade que não me pertence e de uma imagem que em nada me completa. E não me encontro. Como poderia? Afinal, não existo, sou apenas uma arma de consumo em massa.

3 comentários:

  1. Mais uma vez...

    fantásticoo!

    Muito bom Srta Erica!

    foi bem mais crítica nesse ein...
    Continue assim!!
    beijoo!

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  2. Oi Erica...
    Sinceramente, adorei! Tudo, esta questão de estereótipo, alineação, prisão de consumo. Totalmente entrelaçado, envolvente... Me fascinou! Meus parabéns!
    Um abraço.

    Ah, sou sua seguidora agora. rs.
    Até mais e o também foi ótimo conhecê-la, um ser humano sensível com ideais críticos.

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  3. Erica, tudo bem? Espero que sim... Passei para dizer um OI bem motivador, afinal, informações em tempo real ainda não tenho. KKK (twitter). Enfim, não desapareça. Abraço.

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