quinta-feira, 23 de abril de 2009

Quantidade X Qualidade

Qual é a sua faixa etária, classe social, nível de estudo? O que você comprou, quanto consome, qual a sua renda? Você tem acesso a um computador, julga que a informação chega até você? Você já teve dengue, rubéola, alguma doença sexualmente transmissível? Parabéns, você é um número! Mais um componente das estatísticas que tentam nos retratar enquanto sociedade. Quem é você? Sinto informar, não interessa. O seu valor vem em conformidade com o que presta à sociedade.
Funcionalismo, você é a função que exerce. Depois da era industrial, perdemos gradativamente a consciência de quem somos e nos tornamos peças da grande máquina que faz a sociedade funcionar, na qual cada um tem uma utilidade e quem não se faz é útil é inadvertidamente descartado sem qualquer consideração a respeito de sua personalidade. Isso foi assimilado de tal forma que se reflete nos hábitos que possuímos hoje de supervalorização da quantidade em relação à qualidade.
É preciso perceber que a quantidade de livros lidos, de anos de estudos, de empregos listados, de festas freqüentadas, de bocas beijadas ou dinheiro acumulado não faz uma pessoa necessariamente mais experiente, querida ou qualificada, pelo contrário, a qualidade vem da maneira com que cada situação foi aproveitada. É preciso haver a substituição dos números pelas vivências. É preciso aprendermos a valorizar a individualidade, o caráter e as particularidades que distinguem cada pessoa.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Datas comemorativas ou datas comerciais?

Corpos curvilíneos estampam outdoors, páginas de revistas e a tela da televisão, a beleza artificial contida nos comerciais nos induz a consumir cada vez mais produtos e menos idéias, a banalização dos sentimentos e a vulgarização do próprio corpo humano difundidas pela mídia se refletem na inversão de valores tão clara na sociedade. E o alvo principal somos nós, mulheres e jovens, afinal, quanto mais insatisfeitos mais consumimos. É o ser humano sendo tratado como objeto para movimentar o comércio e aumentar a renda de uma parcela mínima da população.
Tal interesse pode ser notado claramente nas datas comemorativas que cada vez mais se afastam do seu real sentido para serem transformadas em meras datas comerciais batendo recordes de lucratividade. Acostumamo-nos a dar como pronta e encerrada qualquer informação que chega até nós e a aceitar como cultura a massificação imposta pelos meios de comunicação. Agimos como objetos do capital.
Dia internacional da mulher, dia do índio, dia das mães, dia dos pais, natal, páscoa, dia das crianças, dia dos namorados, e dá-lhe liquidação! Qualquer data que possua um diferencial serve como pretexto para vendas, se não há pretexto cria-se um, e lá vem o comercial para nos convencer da importância do presente, da lembrancinha, como se nossos sentimentos estivessem contidos naquele material enquanto nos afastamos cada vez mais uns dos outros e nos afundamos em nossos sonhos de consumo.
E assim nos tornamos espectadores da vida, como voyeurs de nossa própria existência, assimilando o que nos é imposto dia após dia. Esquecemos do real sentido de cada uma de tais datas comemorativas, das lutas de nossos antepassados, perdemos a consciência de nós mesmos enquanto seres pensantes. E você, conformado, deve questionar, e o que é que eu posso fazer? Pois digo-lhe, ame muito e cada vez mais, ame a si mesmo acima de qualquer produto, desligue a televisão e saia da internet um pouco e leia aquele livro que parecia legal, interprete a poesia que você não entendeu, dê um sentido àquela tela ou escultura estranha, ouça uma música diferente e observe sua composição, assista aquele espetáculo que parecia interessante. Torne-se dono de seu próprio querer, não se contente com o que já sabe e torne-se senhor de sua própria mente.