quarta-feira, 1 de abril de 2009

Datas comemorativas ou datas comerciais?

Corpos curvilíneos estampam outdoors, páginas de revistas e a tela da televisão, a beleza artificial contida nos comerciais nos induz a consumir cada vez mais produtos e menos idéias, a banalização dos sentimentos e a vulgarização do próprio corpo humano difundidas pela mídia se refletem na inversão de valores tão clara na sociedade. E o alvo principal somos nós, mulheres e jovens, afinal, quanto mais insatisfeitos mais consumimos. É o ser humano sendo tratado como objeto para movimentar o comércio e aumentar a renda de uma parcela mínima da população.
Tal interesse pode ser notado claramente nas datas comemorativas que cada vez mais se afastam do seu real sentido para serem transformadas em meras datas comerciais batendo recordes de lucratividade. Acostumamo-nos a dar como pronta e encerrada qualquer informação que chega até nós e a aceitar como cultura a massificação imposta pelos meios de comunicação. Agimos como objetos do capital.
Dia internacional da mulher, dia do índio, dia das mães, dia dos pais, natal, páscoa, dia das crianças, dia dos namorados, e dá-lhe liquidação! Qualquer data que possua um diferencial serve como pretexto para vendas, se não há pretexto cria-se um, e lá vem o comercial para nos convencer da importância do presente, da lembrancinha, como se nossos sentimentos estivessem contidos naquele material enquanto nos afastamos cada vez mais uns dos outros e nos afundamos em nossos sonhos de consumo.
E assim nos tornamos espectadores da vida, como voyeurs de nossa própria existência, assimilando o que nos é imposto dia após dia. Esquecemos do real sentido de cada uma de tais datas comemorativas, das lutas de nossos antepassados, perdemos a consciência de nós mesmos enquanto seres pensantes. E você, conformado, deve questionar, e o que é que eu posso fazer? Pois digo-lhe, ame muito e cada vez mais, ame a si mesmo acima de qualquer produto, desligue a televisão e saia da internet um pouco e leia aquele livro que parecia legal, interprete a poesia que você não entendeu, dê um sentido àquela tela ou escultura estranha, ouça uma música diferente e observe sua composição, assista aquele espetáculo que parecia interessante. Torne-se dono de seu próprio querer, não se contente com o que já sabe e torne-se senhor de sua própria mente.

6 comentários:

  1. Muito bom! Eu também sempre achei que as datas comemorativas viraram datas "consumitivas"...e é um tanto difícil escapar disso, quando TODOS fazem a mesma coisa...que é gastar. Pode ser até bom fazer a economia se movimentar, mas sem perder seu próprio caráter e valores diante de tanto incentivo ao consumismo. O mesmo seria para os programas de TV, que como um dia coloquei uma vez no meu blog: "A TV não lhe dá tempo para pensar". Tomara que continuemos assim, senhores da nossa mente ;)

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  2. "Dia internacional da mulher, dia do índio, dia das mães, dia dos pais, natal, páscoa, dia das crianças, dia dos namorados, e dá-lhe liquidação!" Escreve demais essa menina!

    Parabens!
    Gostei dessa parte do texto, me passou um lado de humor.

    Muito bom! Continue assim Erica!

    E também gostei da interpretação do que é ser sujeito:
    "Torne-se dono de seu próprio querer, não se contente com o que já sabe e torne-se senhor de sua própria mente."

    Sucesso sempre!
    Beijo do Dhi!

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  3. Existem pessoas que escrevem, outras que tentam(eu), e outras que são como você escrevm brilhantemente, de uma forma que inspira pessoas como eu a nunca parar de escrever.
    Parabéns esse texto ficou maravilho, mas eu sou suspeito pra falar.

    Sucesso para toda vida"
    Bijos Diogo Machado

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  4. "...como se nossos sentimentos estivessem contidos naquele material enquanto nos afastamos cada vez mais uns dos outros e nos afundamos em nossos sonhos de consumo."

    Adorei...mesmo!!! Parabéns Érica! Tava procurando um texto assim, maravilhoso, como o seu p/ colocar como subtítulo numa montagem q fiz sobre 'Datas Comercialmente Comemorativas', rsrs! Com sua licença...vou copiá-lo e por no meu Orkut. rs

    Abs...Fagner Chagas.

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  5. Podemos dizer que as grandes mídias são cúmplices do cosumismo desenfreado, pois sabemos que uma grande quantidade da fatia da arecadação deve-se aos anúncios publicitários.

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  6. Muito bom texto. explicita o que penso

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